Após um período de seis meses consecutivos de queda, o preço do leite recebido por produtores registrou uma leve recuperação em novembro, com um aumento de 1,3%. A média nacional atingiu R$ 1,9981/litro, de acordo com a "Média Brasil" líquida. No entanto, mesmo com essa recuperação, a desvalorização acumulada em 2023 ainda é significativa, chegando a 23,8% em termos reais. Em comparação com novembro de 2022, a baixa é expressiva, alcançando 24,5%, valores deflacionados pelo IPCA de novembro de 2023.

O comportamento dos preços foi heterogêneo entre as diferentes bacias leiteiras monitoradas pelo Cepea ao longo do último mês. Enquanto Minas Gerais e Goiás mantiveram preços estáveis, o Paraná viu um avanço inferior a 2%. Em contrapartida, Santa Catarina e Rio Grande do Sul experimentaram aumentos superiores a 5%. São Paulo e Bahia, por outro lado, continuaram a observar quedas nas médias.

Até outubro, a desvalorização do leite estava vinculada ao excesso de oferta, impulsionado pelo aumento da produção doméstica e pelas importações crescentes. Contudo, desde setembro, a captação dos laticínios tem desacelerado, explicando a mudança no cenário de preços em novembro.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea apresentou uma queda de 0,7% de outubro para novembro, pressionado por recuos mais intensos nos estados do Sul do país. A limitação da produção de leite é atribuída à combinação de condições climáticas adversas (seca e calor no Sudeste e Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul) e margens apertadas dos pecuaristas.

A pesquisa do Cepea também revela que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na "Média Brasil" teve um aumento de 0,6% em novembro, influenciado pelas valorizações de concentrados, adubos, corretivos e alguns medicamentos. Apesar da retração acumulada no ano, a diminuição do preço do leite supera a desvalorização dos insumos, resultando em uma estimativa de queda expressiva de 69% na margem bruta dos pecuaristas em 2023. Isso pode levar a uma redução nos investimentos na atividade, contribuindo para a diminuição da oferta.

Com a queda nos preços do leite, as importações perderam força em setembro, mas voltaram a crescer em outubro e novembro. Dados da Secex indicam que as compras externas de queijos impulsionaram o aumento de 5% nas importações de novembro, com um volume acumulado em 2023 superando em mais de 70% o registrado no ano anterior.

Apesar disso, os estoques de lácteos foram mais limitados em novembro, ajudando a conter a queda nos preços de alguns produtos lácteos e a elevar, mesmo que ligeiramente, as cotações do UHT e da muçarela em São Paulo. No entanto, essa valorização modesta não foi suficiente para garantir rentabilidade aos laticínios, e a perspectiva para dezembro é de que o movimento de alta não se sustente, impactado pela diminuição do consumo e pelo acirramento da concorrência entre laticínios domésticos e produtos nacionais e importados.

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