Safra 2023/24 do Centro-Sul do Brasil será maximizada para a produção do adoçante e expectativas para o novo ciclo também vão neste sentido, após decisão da companhia.

A decisão da Petrobras de deixar de lado a paridade internacional na sua política de preços dos combustíveis deve impactar ainda mais o etanol. "Essa decisão é bem negativa para os produtores. A perspectiva de preço fica cada vez pior e a tendência de maximizar a produção do açúcar continua nesta e na próxima safra também", afirma a analista Ana Zancaner da Czarnikow.

A trading britânica espera um mix açucareiro de 47,5% nesta safra em andamento, sendo o maior desde 2011. "Quando a Petrobras se descola dos preços internacionais e cria uma nova política, acaba tirando a ligação do petróleo com o açúcar, que é importante", explica. As usinas olham o petróleo para definir se produzem açúcar ou etanol, um substitutivo da gasolina no Brasil.

"Se o mercado internacional do petróleo explodir e a Petrobras não repassar isso é muito prejudicial ao produtor", ressalta a analista.

A analista afirma que os preços de comercialização do biocombustível aos produtores brasileiros já estão abaixo dos custos para produção nesta safra 2023/24. E, após essa divulgação da Petrobras nesta terça-feira – que deve beneficiar o consumo da gasolina, que ficará mais barata e seguirá mais competitiva que o etanol –, o cenário fica ainda mais complicado.

"A nossa equipe calcula que a média de preço ao produtor de etanol já está abaixo do custo de produção. Além disso, a paridade média São Paulo está em cerca de 75% por um bom tempo [o que desfavorece o consumo do biocombustível ante o fóssil], apesar de a gente ainda ter a questão dos impostos da gasolina a partir de julho", destaca Ana.

Termina no final de junho a Medida Provisória (MP), que decidiu sobre a reoneração dos impostos federais aos combustíveis a partir de março.

Sem o imposto sobre a gasolina, a analista estima que o etanol poderia ganhar cerca de 300 pontos sobre o açúcar bruto, mas a recente decisão da Petrobras já tiraria parte disso. "Em termos de reais por litro, você teria inicialmente uma média de preço do etanol em R$ 2,80, mas cairia para R$ 2,50. Isso já é abaixo do custo de produção", diz.

"Hoje, o açúcar paga mil pontos a mais. O açúcar está em cerca de 26 cents/lb, mas considerando o prêmio de pol e diferencial físico está em 28 cents/lb, enquanto o etanol estava, antes dessa redução, em cerca de 18 cents/lb", destaca Ana sobre o açúcar muito mais favorável ante o etanol na decisão do mix pelas usinas na safra 2023/24.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP) destacou em análise semanal o cenário de lentidão nas negociações do etano no spot paulista, sendo a semana entre 8 a 12 de maio a terceira consecutiva de queda nos preços.

"De acordo com colaboradores do Cepea, agentes de distribuidoras adotaram uma postura mais retraída, adquirindo volumes pontuais. A possibilidade de recuos maiores quando a oferta de etanol se intensificar inibe compras envolvendo volumes maiores", destacou o centro de pesquisa em nota divulgada.

Da: Redação/foto: Revista Carro

0 Comentários

Deixar um comentário

Não se preocupe! Seu email não sera publicado. Campos obrigatórios estão marcados com (*).