“Já me chamaram mas ali pro ministério da Agricultura, não. Não volto em nenhuma hipótese, com todo respeito. Quero que o (Carlos) Fávaro, que é mato-grossense, que conheço há 30 anos, faça um bom trabalho. Mas comigo ele não conta mais. No ministério da Agricultura, enquanto estiver sob o comando do ministro Fávaro, eu não volto, em nenhuma hipótese”. A declaração, dada ontem, é do ex-secretário de Política Agrícola (posto número 2 do ministério da Agricultura) Neri Geller, demitido mês passado, devido as irregularidades no edital de leilão de arroz que o governo federal acabou cancelando. “Não saí atirando (criticando). Fávaro não agiu de má fé mas ele não agiu correto comigo, como parceiro dele”, acrescentou, expondo sua mágoa contra o ex-aliado.

Ele reafirmou que houve “trapalhada” no leilão feito pela Conab que acabou sendo vencido por empresas que não são do setor e outra cujo representante era sócio de familiar do ex-secretário. Neri Geller também disse que “não se omitiu, chamou a responsabilidade” para si após o caso vir a tona e disse que foi falar com o ministro. “Eu disse, Fávaro, eu assumo a responsabilidade (pelo edital leilão), sei que tem imbróglio, vamos conversar, não tem uma vírgula de erro, de ilegal. Se tivesse alguma coisa, eventualmente eu precisasse ter me afastado, eu teria feito (pedido de afastamento), teria falado, ‘ó vou sair 30 dias’… porque não tem vínculo nesse caso do edital (leilão do arroz) com a secretaria de Política Agrícola. Primeiro que foi ele (ministro) quem conduziu o processo, segundo o orçamento não é nosso (ministério Agricultura). Eu dei as informações técnicas da produção, fui contra (leilão)”, acrescentando que defendia estimular produção natural. A declaração foi para a Jovem Pan Cuiabá. “Não foi fácil pra mim, mas o reconhecimento na Esplanada dos ministérios, do próprio parlamento e do núcleo do governo, liderado pela presidente Gleici (PT) é bem legal o reconhecimento que as pessoas têm pelo nosso trabalho”, acrescentou.

Atualmente ex-amigos, Geller e Fávaro iniciaram carreira política em Lucas do Rio Verde. Neri Geller ocupou a secretaria de Política Agrícola no governo Dilma e depois foi ministro. Nas eleições presidenciais, há dois anos, ambos apoiaram Lula. Geller disputou vaga ao Senado, não se elegeu e liderou articulação para aproximar setor produtivo de Mato Grosso de Lula. Ele chegou a ser cotado para ser ministro mas as articulações com PSD e demais aliados, incluindo Geller, acabaram resultando na nomeação de Fávaro, que se licenciou do mandato de senador.


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