Hortifrúti: preços sobem em março em reação à pandemia, diz Conab
A cenoura foi destaque de alta de preço nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) do país em março, dando continuidade a um movimento ascendente que se iniciou em janeiro. Esse movimento ocorre após as cotações atingirem os mais baixos níveis em novembro e dezembro de 2019. Neste ano, a produção mineira, a principal abastecedora dos mercados, vem sofrendo com chuvas constantes, o que deve se refletir também nos mercados neste mês. A avaliação é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou nesta quinta-feira, 16, o quarto Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) de 2020.
Segundo a Conab, as diversas medidas de enfrentamento ao coronavírus levaram a uma corrida aos mercados e aumento do consumo, pelo temor de um possível desabastecimento. Em razão do isolamento social e, também, do fechamento de bares e restaurantes houve a redução no movimento dentro das centrais de abastecimento, o que influenciou a dinâmica da comercialização e pode ter contribuído para os aumentos de preços.
A pesquisa considera, além da cenoura, outros quatro produtos (batata, cebola, tomate e alface) com maior representatividade na comercialização nas principais Ceasas do país e que registram maior destaque no cálculo do índice de inflação oficial (IPCA). Cebola, batata e tomate mostraram aumento de preços na maioria dos mercados atacadistas analisados.
No caso da alface, houve maior oferta nos mercados, mas menor demanda pela alta perecibilidade e porque os consumidores acabam evitando o consumo de produtos crus no período da quarentena. Com isso, as cotações oscilaram entre alta e baixa, informa a estatal.
Para a batata o cenário é de alta considerável nas cotações. A produção das águas no Paraná entrou em declínio, reduzindo sensivelmente a oferta em março, na comparação com fevereiro.
O mês de março é o quarto consecutivo da tendência de alta de preços do tomate, segundo a Conab. As variações abruptas das cotações do fruto são constantes pela sua suscetibilidade às variações climáticas e, principalmente, pela sua alta perecibilidade.
Em março, verificou-se uma continuidade na trajetória ascendente dos preços da cebola. O abastecimento nacional fica na dependência da produção da região Sul e esta concentração de oferta impulsiona os preços para cima.
Frutas
No segmento de frutas, o estudo da Conab também considerou os alimentos com maior participação na comercialização e no cálculo da inflação (banana, laranja, maçã, mamão e melancia).
O destaque foi a laranja, cuja alta de preço pode estar associada ao aumento da demanda por citros, em geral, por causa da pandemia do coronavírus, que leva as pessoas a modificarem hábitos de consumo. Como essas frutas são ricas em vitamina C, elas auxiliam no aumento da imunidade e, assim, passaram a ser mais procuradas pelos consumidores, fato que elevou a demanda e puxou as cotações, diz a Conab.
A melancia teve alta de preços na maior parte das Ceasas, em virtude da redução da oferta e do aumento do calor em vários centros consumidores.
Já a maçã apresentou boa oferta de gala miúda e cotações menores para a fruta.
A banana nanica teve queda da colheita em São Paulo e Santa Catarina o que, junto com a baixa oferta da banana prata e da maior demanda na primeira quinzena do mês, significou elevação de preços. Esse cenário, entretanto, começou a ser invertido no fim do mês, por causa do confinamento para combater a covid-19.
Já o mamão apresentou boa comercialização na primeira quinzena do mês, que não se repetiu na segunda quinzena: houve queda da oferta e redução da demanda, decorrentes das medidas de isolamento social para o enfrentamento da pandemia.
Comercialização
O setor hortigranjeiro chegou a comercializar 16,81 milhões de toneladas de frutas e hortaliças em 2019, que movimentou recursos de mais de R$ 41 bilhões em todo o país. Em comparação com 2018, os números mostram estabilidade na quantidade comercializada, no entanto, houve um aumento de 12,97% no valor total das transações. Os dados pertencem ao estudo Comercialização Total de Frutas e Hortaliças, divulgado pela Conab também nesta quinta-feira, junto com o Boletim Prohort.
(Canal Rural)
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