Lácteos mantém as queda preço do leite para produtor
O preço médio do leite cru captado por laticínios em agosto
registou a quarta queda mensal consecutiva, recuando 6,8% frente a julho e
passando para R$ 2,25/litro na “Média Brasil” líquida, conforme levantamento do
Cepea. Esse valor é 29,4% menor que o registrado no mesmo período do ano
passado, em termos reais. Com esse resultado, o preço do leite acumula queda
real de 13,6% desde o início deste ano (os valores foram deflacionados pelo
IPCA de agosto/23). Apesar do forte recuo, o movimento de queda do leite ao
produtor ainda pode persistir em setembro. Pesquisas ainda em andamento do
Cepea apontam que a diminuição pode ser entre 5% e 10% na Média Brasil líquida
do leite captado em setembro.
Os fatores que sustentam a desvalorização do leite ao produtor continuam sendo o aumento da disponibilidade interna de lácteos, a qual se explica, por sua vez, pelo crescimento da produção nacional e pelas importações ainda em patamares elevados.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea aumentou 3,2% de julho para agosto, sustentado pela melhora nos custos de produção em 2023 frente a 2022. A expectativa é que a captação continue em alta em setembro, ainda influenciada por investimentos realizados no segundo trimestre – o que pode seguir pressionando as cotações.
Porém, é importante destacar que esse contexto tem mudado. Desde julho, a retração no preço do leite supera a desvalorização do milho, diminuindo, portanto, o poder de compra do pecuarista frente a este importante insumo. A pesquisa do Cepea mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil” registrou a segunda alta consecutiva em setembro. Esse cenário desperta preocupações para o setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo (ver seção Custos de Produção, na página 6).
Ainda assim, o movimento baixista pode permanecer em setembro, em decorrência da disponibilidade interna elevada. Mesmo com o recuo de 21,8% das importações em setembro, as compras externas somaram 1,6 bilhão de litros em equivalente leite no acumulado do ano – volume 90,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado (ver seção Mercado Internacional, na página 5).
Com maior oferta de lácteos e consumo doméstico muito sensível ao preço, os estoques de derivados nas indústrias e canais de distribuição cresceram em setembro. Com isso, os preços do UHT, da muçarela e do leite em pó
fracionado negociados entre laticínios e canais de distribuição no estado de São Paulo caíram 6,3%, 2,3% e 4,2% frente a agosto (ver seção Derivados, na página 4). Essa queda no mercado de derivados em setembro deve ser transmitida ao produtor no preço do leite captado naquele mês.
Confira o Boletim do Leite completo abaixo:
Redação/foto: ANAD
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