Os produtores rurais vêm sendo alertados sobre os riscos de acidentes em estruturas de armazenagem, principalmente por meio dos relatos de explosões que ocorreram em silos localizados no Brasil e no exterior, nos meses de julho e agosto. Acúmulo de poeira e a decomposição de grãos em regiões com tempo quente e seco elevam os riscos de explosões e incêndios

Segundo Guilherme Frezzarin, superintendente de agronegócios da FF Seguro, várias regiões do mundo estão vivenciando uma verdadeira gangorra térmica. Esse cenário intensifica a ocorrência de intempéries que provocam diversos tipos de danos às benfeitorias em propriedades rurais. O mês de julho de 2023 foi considerado o mês mais quente de que se tem registro no mundo, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o observatório europeu Copernicus. No Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também confirmou que esse foi o mês mais quente já registrado na base histórica desde 1961. A situação pode se agravar, visto que o clima está sob influência do fenômeno El Niño de intensidade moderada.

Conforme divulgado pela FF Seguro, o tempo mais quente e seco favorece o acúmulo de poeira de grãos e eleva a probabilidade de combustão espontânea nas instalações de armazenamento, podendo causar explosões e incêndios. “Nunca foi tão crucial estar preparado para enfrentar esses desafios. Os proprietários de silos e armazéns devem estar cientes de que temperaturas globais mais elevadas e maior incidência de eventos climáticos extremos amplificam os riscos de danos em benfeitorias”, diz o superintendente.

A poeira é um problema frequente durante a movimentação de cargas. Quando os caminhões descarregam grãos nas moegas, forma-se uma enorme nuvem de poeira em suspensão nas instalações de armazenagem, que depois vai se acumulando em pisos, elevadores, túneis e transportadores. Para que uma explosão ocorra, são necessários três elementos: concentrações significativas de partículas finas de poeira, presença de oxigênio no ambiente e exposição a fontes de ignição, como faíscas (originadas por descarga elétrica) ou fagulhas (que surgem a partir de atrito ou colisão de materiais).

As poeiras relacionadas ao armazenamento de soja, trigo, açúcar, café e vários outros produtos agrícolas podem sofrer combustão espontânea. No entanto, quando se analisa o nível do risco, o milho é considerado um dos produtos mais voláteis e perigosos. Além disso, se não houver ventilação adequada e controle ideal de umidade no ambiente de armazenagem, os grãos podem entrar em decomposição, gerando vapores (metanol, propanol e butanol) ou gases (metano e etano) inflamáveis. Dessa forma, existe uma ameaça real para a segurança dos ativos patrimoniais dos produtores rurais, principalmente nas regiões que registram tempo quente e seco, com umidade relativa do ar abaixo de 50%.

A seguradora ainda ressalta que, os locais de armazenagem podem ser monitorados com instrumentos que detectam a presença de gases inflamáveis e o nível de poeira. Recomenda-se analisar o funcionamento de sensores e realizar a manutenção periódica de peças e componentes dessas estruturas, prevenindo assim o potencial surgimento de fontes de ignição. “Para evitar explosões e incêndios em benfeitorias, também aconselhamos realizar limpezas frequentes nesses locais com o objetivo de reduzir o acúmulo de poeira”, orienta Frezzarin.

A safra de soja 2022/23 ainda não foi totalmente escoada e o Brasil está colhendo uma safra recorde de milho safrinha atualmente, sobrecarregando o setor de armazenagem. “A demanda por silos e armazéns é crescente e já recebemos relatos de grãos guardados ao ar livre. Nesse momento, reiteramos que é fundamental respeitar os limites de capacidade das estruturas como medida de segurança”, diz Frezzarin. O déficit de armazenagem no Brasil é estimado em 118,5 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Redação/foto: Compre Rural


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