A definição mais comum para o termo desenvolvimento sustentável é aquele desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender necessidades de futuras gerações, isto é, o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

“O termo, apesar de bem inovador para a época em que foi cunhado pela primeira vez, ainda não é completamente compreendido, já que é de difícil aplicação na prática. A sociedade atual não sabe discernir o que é uma ‘necessidade presente’ em todos os seus sentidos. Há muitas coisas que fazemos que são necessidades básicas — ter comida e água, por exemplo —, mas que fazemos de forma a causar um grande impacto no planeta. No âmbito dessas discussões também começaram a surgir questionamentos sobre os deveres de cada país, já que países ‘não desenvolvidos’ lutam para suprir suas necessidades básicas e países mais desenvolvidos possuem um nível de gasto de recursos planetários muito maior”, pontua Stephanie Maalouf, engenheira ambiental pela Poli-USP. “Para tornar o termo mais palpável, a própria ONU desenvolveu os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são agrupados em 17 objetivos ambiciosos e, muitas vezes, interconectados, que abordam os principais desafios de desenvolvimento”, completa.

Exemplos práticos de desenvolvimento sustentável são ações como: tentar aumentar a malha de transportes coletivos com uso de combustíveis não-fósseis; plantar comida para as populações sem desmatamento e sem poluição de terra e rios; a adoção de agroflorestas; trabalhar com ciclos praticamente fechados, nos quais pouca coisa é realmente descartada e retirada do meio ambiente; e programas que reduzem as diferenças de sexo e raça entre as populações mais vulneráveis; entre outros.

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Cientistas e políticos da Europa já começam a discutir novos modelos de crescimento, que não seriam mais baseados apenas na economia, mas que justamente se aproximariam mais do que é o desenvolvimento sustentável. “O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já defende que precisamos sair do modo de pensar clássico econômico, que seria baseado em uma forma de continuar com um certo conforto e felicidade das populações, mesmo que o PIB do país diminua. Eles também defendem que, com o aumento populacional e o crescimento desenfreado do início do século XXI, estamos em um trem-bala em direção às mudanças climáticas. Então acredito que, nos próximos anos, esse tipo de discussão será mais normalizada e passaremos a usar outros parâmetros para caracterizar países que não são apenas os econômicos”, explica a especialista

Biocombustíveis: produção sustentável e renovável

A produção de biocombustíveis, feita de forma responsável, pode ser um exemplo prático entre ações que caminham no sentido de um desenvolvimento sustentável. Ela corresponde a mais de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU: ODS 7 (Energia limpa e acessível), ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), ODS 12 (Consumo e produção responsáveis) e ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima).

As grandes cidades ao redor do mundo já têm apostado nos biocombustíveis como substitutos aos combustíveis fósseis. Os biocombustíveis são fontes de energia renovável e apresentam baixos índices de emissão de poluentes para a atmosfera. Em geral, essas fontes de energia costumam ser produzidas a partir de produtos agrícolas ou vegetais — como cana-de-açúcar, milho e palma de óleo, entre outras matérias-primas. Os biocombustíveis podem ser utilizados tanto para a locomoção de veículos quanto para a geração de energia renovável. Apesar de serem adotados muitas vezes para resolver questões econômicas, eles são importantes alternativas ecológicas para combater essas emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa — especialmente o CO 2.

O Brasil tem grande vocação para a produção de combustíveis verdes, desde o etanol até o biodiesel proveniente de plantas oleaginosas, como a palma. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), elaborado em 2004, busca potencializar esse mercado e estimular a inclusão social em sua cadeia de produção. A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira se deu em 2005 e, após uma década, o mercado brasileiro já era o segundo maior do mundo.

Em significativa parte da região Norte do Brasil, o biodiesel feito a partir do óleo de palma é utilizado como combustível verde para geração de energia limpa e também comercializado como uma opção sustentável para o abastecimento de caminhões e equipamentos. Tudo isso graças ao trabalho da Brasil BioFuels (BBF), que, desde 2009, produz biodiesel em sua unidade de Ji-Paraná, em Rondônia. A empresa possui capacidade de produzir mais de 64 milhões de litros de biodiesel anualmente, em um processo que conta com a certificação RenovaBio — emitido pela ANP, órgão que regula o setor — e o selo Biocombustível Social — emitido pelo MAPA, pela inclusão e geração de renda aos Agricultores Familiares.

O biodiesel de óleo de palma contribui com a descarbonização e a melhoria da qualidade de vida na região Norte do país, oferecendo uma alternativa sustentável ao diesel S500 — combustível fóssil altamente poluente e ainda bastante utilizado na geração de eletricidade nas localidades isoladas da Amazônia. “Diante do contexto de mudanças climáticas, dado o grau de urgência em que nos encontramos, diversas medidas devem ser tomadas com rapidez. A adoção de biocombustíveis é uma delas, já que supre uma demanda por combustíveis com o uso de uma fonte não-fóssil. Os biocombustíveis podem ser usados em carros flex — que correspondem a cerca de 90% da frota do país —, o que torna a adaptação dessa fonte mais fácil no Brasil”, cita Maalouf.

Trabalho verticalizado atende a outros objetivos de desenvolvimento sustentável

A BBF atua no agronegócio desde o cultivo sustentável da palma de óleo, biotecnologia, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável. O trabalho segue um modelo verticalizado – com a empresa cuidando de todo o processo, ela acaba por atender a outros pontos que envolvem o desenvolvimento sustentável, como o trabalho com ciclos fechados, nos quais pouca coisa é realmente descartada e retirada do meio ambiente; o não-desmatamento, uma vez que todo o cultivo é feito em terras que foram degradadas no passado e, hoje, estão sendo recuperadas graças à produção da BBF; e a agricultura familiar – por meio do Programa de Agricultura Familiar, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a BBF incentiva mais de 400 famílias nas comunidades dos municípios de Tomé Açu e Acará, no Estado do Pará. A elas, a BBF fornece mudas, permuta para compra de fertilizantes com preços acessíveis, assistência técnica com especialistas no cultivo de dendê, auxílio para crédito bancário, estímulos à melhoria contínua e garantia de compra dos frutos a preços competitivos do mercado — até novembro de 2022, foram mais de 30 mil toneladas de frutos comprados pela BBF dos pequenos agricultores.

Desde 2008, ano de sua fundação, a BBF assumiu a missão de mudar a matriz energética dos Sistemas Isolados do Norte do Brasil, empregando a população local — são mais de 6 mil empregos diretos e 18 mil indiretos —, gerando renda e ainda reduzindo o custo da eletricidade para os nortistas. Essa mudança de matriz consiste na substituição do óleo diesel fóssil por biodiesel feito a partir do óleo de palma

Hoje, a empresa é a maior produtora de óleo de palma da América Latina — e segue caminhando no sentido de contribuir para a transição energética do país e produzindo este combustível renovável para outras finalidades. O Grupo se divide em quatro diferentes verticais de atuação: BBF Agro, BBF BioTech, BBF Biocombustíveis e BBF Energia, de forma a estar presente em toda a cadeia produtiva e, assim, garantir a eficiência das soluções propostas e os produtos comercializados

BBF avança na produção

Nessa corrida por diminuir as emissões de gases de efeito estufa e encontrar opções renováveis e menos nocivas ao meio ambiente, surge um novo mercado global: o do combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês). No futuro, os aviões não poderão decolar entre alguns destinos internacionais se não adotarem medidas sustentáveis — entre elas, compensar emissões e abastecer com uma mínima mistura de SAF. A boa notícia é que o Brasil está na pequena lista de países que, estrategicamente, têm as melhores condições para a produção de SAF, especialmente por conta da matéria-prima. O SAF pode ser produzido a partir de resíduos agrícolas e florestais, óleos vegetais, gorduras animais e etanol ou ainda por meio do hidrogênio verde.

E o Grupo BBF já desponta nesse mercado. De forma inédita, está construindo a primeira biorrefinaria para produção de HVO (sigla em inglês para óleo vegetal hidrotratado – Hydrotreated Vegetable Oil), conhecido como diesel verde, na Zona Franca de Manaus. A BBF e a Vibra Energia celebraram, em novembro de 2021, um contrato de compra e venda do diesel verde. O objetivo do projeto é seguir contribuindo para a descarbonização da economia e para o desenvolvimento da Região Amazônica.

A mesma biorrefinaria será utilizada para produzir o Combustível Sustentável de Aviação, conhecido globalmente como SAF, que pode ser utilizado em substituição ao combustível Jet A em todas as aeronaves, sem a necessidade de realizar o serviço de abastecimento de forma distinta. O biocombustível de aviação consegue reduzir em cerca de 80% o nível das emissões de CO2 durante seu ciclo de vida, em até 90% a emissão de partículas (PM) e em até 100% a emissão do enxofre (SOX). A biorrefinaria receberá investimentos na ordem de R$2,2 bilhões e será a primeira do Brasil. Com início de operação previsto para 2025, produzirá mais de 500 milhões de litros de combustíveis anualmente.

Da Redação/foto: Brasil Bio Fuels

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